Contents

Devemos criticar livremente?

Depois de um favorito muito popular, é hora de grunhir um pouco! Olivier Frigara chama-me frequentemente o Jean-Pierre Coffe da Tech porque não tenho medo de dizer o que penso sobre um produto ou uma marca, mas sempre com argumentos sólidos, claro!

/images/a9fb8db716_mon-coup-de-gueule-de-l-annee-pour-ou-contre-le-droit-a-la-critique-didier.jpg

O meu discurso do ano não é um produto, mas sim uma exigência, a do direito à crítica… medida. Numa sociedade cada vez mais polarizada, as nuances tornam-se a exceção, embora sejam elas que permitem (em teoria) que o debate ocorra.

O “anti” e o “pró”

Para entender completamente do que estamos falando, provavelmente precisaremos voltar aos primórdios da computação moderna. Quando este site foi criado (nos anos 90), havia uma pequena guerra que os jovens nem sempre conhecem: o Mac versus o PC. Essa diferença de filosofia nos levou a criar este site rebeldes, apenas para levar a voz daqueles que apreciavam a Apple e a ideia de uma computação mais simples, um conceito incomum na época-lembrando, neste período, a empresa de Steve Jobs estava praticamente afundando.

/images/41384c8d26_mon-coup-de-gueule-de-l-annee-pour-ou-contre-le-droit-a-la-critique-didier.jpg

Na época, Windows, Intel e Microsoft dominavam vergonhosamente o mercado de informática, a tal ponto que ter um Mac era visto como uma forma de rebelião (enquanto hoje é mais um marcador social). Na escola era preciso ter cojones sagrados para dizer que preferíamos o Mac ao PC. Nos bastidores, orgulhosamente apoiamos Steve Jobs, consagrado como guia espiritual, com em seu quarto o pôster de seu famoso dedo médio na frente da IBM (enquanto Bill Gates era difamado como a encarnação do mal):

/images/9fd556dd35_mon-coup-de-gueule-de-l-annee-le-droit-a-la-critique-mesuree-didier.jpg

Sempre houve prós e contras, mas hoje essas posições são em grande parte agravadas pelas redes sociais: nos comentários é importante se posicionar, você deve afirmar seu ponto de vista, sua marca favorita ou sua estrela favorita. Isso é bastante divertido de acompanhar, especialmente em grupos do Facebook onde os fanboys são uma legião. Um pouco menos nos comentários de certos artigos, onde se tem dificuldade em separar os dois campos, cujas posições são decididamente opostas.

/images/75347bcd61_mon-coup-de-gueule-de-l-annee-pour-ou-contre-le-droit-a-la-critique-didier.jpg

Em certos assuntos (religião, geopolítica, ciência, etc.), esta forma de argumentar assume a aparência de uma batalha campal. Já não há debate, é quem dará a última palavra e sairá com a frase mais picante, até ao ponto de Godwin, ou melhor, ao bloqueio puro e simples dos seus interlocutores, incapazes de se controlarem. Procurando nuances? Porém, é o grande ausente de todos esses debates. Se você é pró ou contra, escolha o seu lado.

O jornalista ligou para se posicionar

Se sempre existiram jornais de opinião (política), a imprensa tecnológica não é exceção.

Na década de 90, revistas e sites gerais eram, por exemplo, abertamente anti-Mac. Falar da Apple era muitas vezes um pretexto para desencadear muitas críticas fáceis (muito proprietárias, muito caras, software insuficiente…), enquanto hoje, nenhum dos que sobreviveram ousaria deixar de publicar um teste do iPhone! Hoje encontramos este tipo de posicionamento entre os nossos colegas da imprensa automóvel em relação à Tesla. ou o carro elétrico, ainda que muitos acabem comendo o chapéu, por não terem sido suficientemente visionários.

/images/1aed07dbe0_mon-coup-de-gueule-de-l-annee-pour-ou-contre-le-droit-a-la-critique-mesuree-didier.png

As redes sociais (e o SEO) convocam os jornalistas a se posicionarem de forma mais clara a partir de agora: se você segue certas personalidades no Twitter, é a corrida pela frasezinha (sim, eu também participo ocasionalmente), é absolutamente necessário ter uma opinião. Isso também se encontra nos artigos, onde não se deve encontrar um ângulo claro, mesmo que isso signifique titular de forma exagerada-o famoso putaclico que denunciamos com alegria, mas que leremos de qualquer maneira.

Chocar tornou-se a norma, as pessoas riem, mas adoram artigos excessivamente polêmicos. Às vezes há mais comentários no título do que pessoas que realmente leram a postagem!

Avaliar um produto? O que poderia ser mais anormal!

Num mundo tão polarizado, testar ou apresentar um produto muitas vezes significa ter que se posicionar: vale a pena comprar este iPhone? Este carro tem autonomia suficiente? Este Mac é tão rápido quanto a Apple diz?

/images/d453b9d708_mon-coup-de-gueule-de-l-annee-pour-ou-contre-le-droit-a-la-critique-didier.jpg

O exercício nem sempre é fácil, pois cada indivíduo tem sensibilidades e critérios de objetividade próprios. A imprensa sempre procurou ser o mais argumentativa e neutra possível, distribuindo pontos bons e ruins. Quando notamos o iMac M3 6/10 ou que damos ao Apple Pencil USB C um 3/10, discutimos e o leitor sabe o que esperar. Isso vai impactar na sua decisão de compra, isso é normal, também lemos a imprensa para tentar gastar nosso dinheiro corretamente.

A perspectiva também é interessante: comparar objetivamente os mais recentes Macs M3 com os laptops Razer Blade, o iPhone 15 Pro com o mais recente Samsung Galaxy S23 Ultra ou o Apple Watch Ultra com o Garmin Expix 2 assume todo o seu significado para o leitor. Você viu, por mais que nos chamemos de Mac 4Ever, sabemos valorizar as qualidades dos produtos concorrentes, mesmo que a Apple necessariamente continue sendo nossa queridinha – que gosta de conversar bem.

Quando as marcas evitam críticas

Mas do lado da marca, esta noção de crítica, mesmo medida, é cada vez mais mal experimentada. O marketing agora prefere gosto e boas notas para introspecções e comparações, a tal ponto que assistimos a verdadeiras convulsões na gestão da comunicação. Os assessores de imprensa, por exemplo, privilegiam os influenciadores, convidados/pagos antecipadamente para este ou aquele lançamento, em vez dos jornalistas. , mais experientes, que podem não lhes fazer nenhum favor na manhã de segunda-feira. Proteger a marca das críticas ou, sobretudo, evitar ofender a sua hierarquia, tornou-se muito mais fácil do que submeter os seus produtos à vingança da imprensa-está no plano do marketing.

/images/141ce9f593_mon-coup-de-gueule-de-l-annee-pour-ou-contre-le-droit-a-la-critique-mesuree-didier.jpg

Na prática, isso também dá origem a situações bastante engraçadas, como testes de pré-visualização feitos por influenciadores que não entendem muito do que tem pela frente, mas que acham tudo tremendo. Em nossa pequena escala, você sem dúvida notou que certas marcas conhecidas nos condenaram ao ostracismo, admitindo descaradamente nos bastidores que criticamos demais os produtos. Injusto? Sem dúvida, mas nós nos decidimos. Alguns de nossos colegas/YouTubers muitas vezes preferem se curvar e limitar as críticas, em vez de serem excluídos do serviço de imprensa, porque exclusividade=público=receita publicitária. Grande dilema para a equipe editorial.

/images/e7413f7330_mon-coup-de-gueule-de-l-annee-pour-ou-contre-le-droit-a-la-critique-didier.jpg

Quanto ao público leitor, sobretudo entre os mais jovens, estamos até a habituar-nos a esta forma de apresentar os produtos: estar sistematicamente alegre quando sai um jogo, um filme, um iPhone, um Mac ou mesmo um carro faz com que a imprensa mais tradicional pareça pessoas amargas de plantão… quando no final estão apenas fazendo o seu trabalho. Na hora da compra, sem saber que 8 GB de RAM não são bons para trabalhar ou que a porta USB C do iPhone 15 é mais lenta que um iMac de 10 anos atrás, ainda assim nos parece útil e relevante. Isso não nos impede de avaliar o iPhone 15 com um raríssimo 10/10 ou de atribuir um excepcional 10/10 ao Tesla Model Y. Porém, já passaram quase 2 anos que nenhuma destas duas marcas nos emprestou nenhum produto… Quem gosta de merda boa, costumávamos dizer, mas esta frase agora parece de outra época.

,

*️⃣ Link da fonte:

participa ocasionalmente ,